Ainda é noite


É noite
Falta-me inspiração
Porque sobra-me desejo
Falta-me seu beijo
Falta-me razão.

É noite
A dama de prata taciturna
Dança e me lança, afunda
Solidão

É noite
Falta-me inspiração
Porque sobra-me tesão
Falta-me seu corpo
Falta-me razão.

É noite
Queima, arde, encendeia
A cama, o oco,
O vazio, o frio.

Quem dera fosse dia
Mas, ainda é noite.

Mudando o rumo da prosa: Educação.

Bom pessoal, esse espaço foi criado para que eu pudesse expor e dividir minhas dores, angústias e até alegrias advindas de um relacionamento prematuramente acabado. Mas, nesse momento, como educadora que sou, não teria como não utilizá-lo para abordar o tema educação, em especial valorização do profissional do magistério.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 estabelece no artigo 3º, inciso VII, o princípio da valorização do profissional da educação escolar. Esse princípio vem sendo negligenciado pelas políticas públicas de educação. Desta forma, nós atuamos na área que concentra os mais baixos salários do setor público. Apesar do assunto estar na pauta do dia faz tempo, o poder público ainda não criou instrumentos e mecanismos para que esse princípio saísse dos papéis e dos discursos. Caberia, então, à sociedade exigir o cumprimento da Lei.
Nesse sentido, o Acalanto.Com parabeniza a participação da professora Amanda Gurgel, em audiência púbilca, denunciando essa situação. Tenho certeza que a fala da professora  do Rio Grande do Norte é o eco das vozes dos professores de todo o país. Fico com o coração acalantado ao assistir, no vídeo que segue, a democracia e a participação se concretizando. Mais uma vez, parabéns Amanda e obrigada.


Se




Se me pedisse com jeitinho:
Amor, volta pra mim?
Se me falasse bem baixinho
Se sussurrasse ao pé do ouvido
E arrancasse o meu vestido
Se me amasse com ternura
Se me banhasse com seus beijos
E me rasgasse de desejo.
Se eu acordasse bem cedinho
Se eu te cobrisse de carinho
E e te levasse o café na cama
Se eu te pedisse com jeitinho
Se eu te falasse bem baixinho
E sussurrasse ao pé do ouvido
Se eu arrancasse
Se eu te amasse
Se eu te banhasse
E te rasgasse
Se eu acordasse ...

(noite, frio de outono, 17/05/11)

Domingo, Neruda e Você.

      Domingo, outono, as folhas secas cobrem o quintal. A promessa da renovação que se anuncia nesta estação. O sol pálido seca lentamente o meu rosto. É a lembrança de seus olhos. Penso em Neruda: chegar ao outono, atravessar o inverno para no verão dormir com os olhos da amada, abrindo mão, assim, da primavera. O vento sopra em meus cabelos, distraio-me com o passarinho preguiçoso que desperta no varal e as roupas úmidas que insistem em secar lentamente. Como vou trabalhar amanhã? Uma nuvem transitória timidamente se aproxima: vem chuva! E você?
         Domingo, outono, Neruda e você em mim... ainda.
(domingo, 14/05, tarde de outono)


Te amo sem saber como, nem quando, nem onde
Te amo directamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira.
Pablo Neruda

Um dia daqueles...



O mar
E eu 
E o mar... em mim. 





Praia da Boa Viagem, 22:14. Ela viveu um dia daqueles. Aliás, ultimamente todos os seus dias eram daqueles. Ela o viu e pela primeira vez não tremeu. Mas seu corpo pedia, sua boca queria e as mãos não resistiram acariciar seus cabelos sob o pretexto do desarrumado. Seguiram juntos no mesmo carro. Silêncio profundo. De repente, as duas vozes em um único som... Eu. Mas o assunto era banal. Ela queria dizer que estava com saudade e precisava de um abraço seu. Sentiu medo. Queria ouvir: "Estou com saudade, me dá um abraço." Ela distría-se olhando para o seu rosto imaginando sua expressão ao ouví-la dizer... É... Eu... Nó na garganta, borboletas na boca do estômago e o terror da rejeição  Emudeceu, esmoreceu e decidiu seguir seu dia daqueles, como eu disse. Ela estava mal humorada, não era TPM. Ultimamente os seus dias tinham sido sempre daqueles.

Saudade número três...


Saudade da música

Aquela música

Tema que nunca escolhemos.

Saudade de tantos lugares

Aqueles onde nunca estivemos.

Saudade das datas felizes

Natais, aniversários

Que nunca vivemos.

Saudade dos planos futuros

Casa, amigos, família, casar

Tudo que não nos prometemos.

Saudade do amor

Ah! o amor...

Saudade do amor que nunca fizemos.

O fim


O pingo

A gota

Tua boca...

O hiato

Minha boca.

A noite passada

Exaustão

Pela manhã

O amor jogado no chão.

Minha mão...

O hiato

Teu corpo.

O pingo
A gota

O espanto

O pranto.
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