Enquanto rasgo as roupas velhas,
Livro-me dos trapos sob o corpo,
Faleço um pouco.



Ex - amor

Você mentiu para mim, aliás mentiu para você. Mas, isso tanto faz. O importante é que até ontem eu sonhava com você. Até ontem eu queria te beijar, te agarrar, te tocar. Até ontem você era a primeira pessoa que eu penava quando abria os olhos, pela manhã, e a última que pensava antes de dormir. Sentia aquela saudade urgente, por isso fui te ver. Até ontem me consumia acreditando que perdia algo por não estar ao seu lado. Mas, ontem descobri que quem perdeu foi você, possibilidades que desconhece e, que talvez, até eu mesma desconheça.Ontem descobri você: medoroso e superficial. Descobri meu brilho voltando, minha luz se acendendo, me descobri: eu, porque simplesmente, desde ontem, parei com você. Obrigada por isso.


 MEU ÚLTIMO POST SOBRE VOCÊ

Bom pessoal, até agora este espaço guardou os pensamentos e sentimentos meus que estavam sempre ligados a uma pessoa, a um relacionamento que na prática tinha acabado, mas no meu peito ainda doía. Ontem, como podem ler acima de fato acabou para mim. Estou me sentindo aliviada e feliz. Percebi que sou o centro da minha vida e não o meu amor. Então, o Acalanto.Com, assim como eu, despe-se das roupas velhas e assume outra perspectiva. Espero que gostem e que continuem me visitando.
Abraços

Chega

Último domingo de outono que penso em você. 
Aproxima-se o Tempus Autumnus, tempo do acaso.
Tempo de te esquecer.
Lá fora o vento toca as árvores, 
Nuas, secas, inférteis
Como meu coração agora. 
É inverno...




Mudando o Rumo da Prosa: Idosos

O Acalanto.Com mais uma vez muda o rumo da prosa, pois, mesmo partido, o coração ainda pulsa. Desta vez, movido não pelo amor romântico, avassalador, mas pelo amor puro e generoso, pelo amor livre pela vida e, sobretudo, pelo próximo.

Estamos falando daquele próximo que nos antecedeu. Aquele grupo de pessoas que hoje compreende 8,6% da população do país, cerca de 14,5 milhões de acordo com o Censo 2000 do IBGE: os idosos.

Envelhecer é o processo natural pelo qual todos deveriam passar, contudo é tão incerto quanto viver. Apesar de sabemos que a expectativa de vida da população brasileira aumentou na última década, a partir dos avanços técnicos, especialmente na área da saúde, acreditamos que muitas pessoas não chegam a experimentar essa fase: são os infortúnios da vida.

O poeta gaúcho Mário Quintana, no auge de sua "madura terceira idade", escreveu: "velhice é quando um dia as moças começam a nos tratar com respeito e os rapazes sem respeito nenhum". Entendo que essa frase do Quintana reflete a posição do velho, idoso na sociedade. Poderíamos pensar apenas no tratamento oferecido ao idoso, contudo, o poeta me faz pensar para além. Ele realça a passividade de sua condição de velho, revelando assim, sua fragilidade e dependência. 

Para muitos envelhecer é um processo doloroso marcada pela ausência de vida e reforçado pela representação social da velhice construída no decorrer dos tempos. Cecília Meireles evidencia esse pensamento em seu poema "Retrato".

 

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"



Linda a reflexão lírica que Cecília realiza a partir do estranhamento de sua aparência, das alterações em seu próprio corpo e da maneira de sentir o mundo: "eu não tinha esse coração que nem se mostra". 

De fato, o idoso representou durante muito tempo, e em alguns casos ainda representa o grupo improdutivo, sem força, incapaz. Observamos isso pelo abandono, pela falta de respeito ou até mesmo pela super proteção das famílias que impedem os idosos de realizarem tarefas como as de rotina, por exemplo.

Entretanto, em tempos que a sociedade (os grupos que a compõe) clama pela justiça social, igualdade, respeito e dignidade é instituído o Estatuto do Idoso destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2.º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

 

 

Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

 

 

Ao ler alguns artigos do Estatuto do Idoso e pensar na situação de muitos velhos hoje, lembrei de meus estudos sobre as sociedades sem escrita, nas quais o conhecimento era passado oralmente pelos membros mais velhos. Herdamos essa cultura e qualquer um que seja maior de 30, acredito eu, ainda se lembra das coisas que a vovó dizia.

Assim, em respeito aos mais velhos e a cultura oral que trago para este espaço as palavras de Seu José Fajardo. Pai, tio, avô, bisavô que aos 83 anos curte as dores e as delícias da velhice. Em uma visita a Seu Zé ,que acabara de sair do hospital afetado por uma pneumunia, rimos, nos emocionamos e ouvimos a voz da experiência. Para alguns pode parecer bobagem, mas para Seu Zé, ser ouvido, respeitado e ter seus versos postados nesse blog fez e faz uma grande diferença. Ele dizia:

 

A vida é mesmo assim

Tudo tem fim

Tem que se conformar

Não se lamentar

Abre seu coração

Tem no jardim uma flor

Ontem foi botão, hoje já murchou.

 

 Seu Zé

E, para encerrar esse post, lembremos de Olavo Bilac que como uma árvore velha, bela e forte, nos agasalha com seus versos mostrando as alegrias da velha idade.

 

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!


Essa postagem segue em memória de minha avó que faleceu aos 92, de meu pai que aos 73 anos, de minha tia Mima aos 78 e para minha mãe que tem 74, minha tia, 76 anos e meu tio e padrinho, 83 anos. Obrigada a todos vocês por ainda existirem na minha vida.

 


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Enquanto a cidade arde
Eu fujo pra ter calma
Eu fujo pra ter alma.

Eu odeio o dia dos namorados!

Passei a semana inteira repetindo a frase: eu odeio o dia dos namorados! No trabalho, quando alguém planejava o domigo, eu resmungava. Quando passava pelas ruas e via todas as lojas cheias de corações, pensava comigo mesma: eu od... Entrei em uma loja com duas amigas para comprar uma trufa, avistei uma prateleira que estava decorada com canecas de louça que guardavam chocolates de todas as formas que se pode representar o amor. Uma das canecas dizia: "Se eu tivesse 100 corações, todos seriam seus ". Que lindo! Queria tanto poder comprá-la, mas não teria para quem dar. Que ódio! Saí da loja esbravejando: EU ODEIO O DIA DOS NAMORADOS! Hoje, quando despertei, logo pela manhã, imaginei, meio desanimada, como seria o domingo. Mas, quando abri a janela da sala, lá estava ele, lindo, louro e radiante. Abraçou-me calorosamente. Era o Sol que chegara para aquecer meu dia e encher-me de energia. Naquele momento percebi o meu amor recalcado. Hoje é só mais um dia para se amar, como são todos os dias para quem ama. Então, que sejam felizes todos os casais, que sejam felizes todos os sozinhos e solitários que amam o outro, o próximo e sobretudo, a si mesmo.

"Eu tenho muito mais do que 100 corações".



O estado - Meta-físico- do amor




O meu amor é ebulição.
Ferve em minh`alma
Inquieta e acalma:
-Con- fusão.
É sólido como o meu corpo
Quando encontra o teu corpo:
-Sublim-ação

Medo


Não tenho medo de você

Tenho medo do que sinto por você
Tenho medo do tempo que não passa
E do mundo que não para pra eu descer.

Eu não tenho medo de você
Tenho medo do seu corpo, imã
Tenho medo da sua boca, lima
E medo dos seus olhos não me ver.

Não tenho medo de você
Tenho medo das lembranças que me assombram
Tenho medo da saudade urgente que me mata aos poucos
E tenho medo de saber
Que mesmo depois de tantos medos perdidos contigo
E mesmo depois de tantos medos que trocaste comigo
Eu nunca mais vou te querer.

Pensamentos, fragmentos...


Pensamentos, fragmentos
Ser humano...
Sentimentos por quê?
Já não sou
Já não sei


Feito criança afoita
Desfolho as páginas da vida
Apressada, buscando em cada dia que finda
Um tema novo
Outro enredo
O final feliz.


Mas são apenas pensamentos, fragmentos
É o tempo...
E a criança afoita
Desfolha as páginas da vida
Buscando em cada dia apressada
E... nada.
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